Cessar-fogo começa a valer na Faixa de Gaza

Cessar-fogo começa a valer na Faixa de Gaza

Um cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza está em vigor desde as 6h no horário de Brasília desta sexta-feira (10), anunciou o Exército israelense. A trégua ocorre horas após o governo de Israel ter ratificado um acordo de paz assinado com o grupo terrorista Hamas.

"Desde as 12h (6h de Brasília), as tropas começaram a se posicionar ao longo das novas linhas de implantação, em preparação para o acordo de cessar-fogo e para o retorno dos reféns", informou o Exército em um comunicado.

O Exército disse em comunicado que "continuarão eliminando qualquer ameaça imediata", sem dar mais detalhes do que isso quer dizer. A agência de notícias Reuters registrou colunas de fumaça em Gaza após o início do cessar-fogo —o governo israelense não se manifestou sobre isso até a última atualização desta reportagem.

Como previsto, as tropas israelenses recuaram dentro de Gaza para uma linha estabelecida no acordo, e agora ocupam cerca de 53% do território palestino, ante os 75% pré-cessar-fogo. Um porta-voz do Exército de Israel pediu para que palestinos evitem entrar essas áreas ainda sob seu domínio para "garantir o cumprimento do acordo e a segurança de todos".

O governo de Israel ratificou na noite de quinta-feira o acordo assinado com o Hamas para um cessar-fogo e a devolução dos reféns em poder do grupo terrorista. O cessar-fogo estava previsto para entrar em vigor em até 24 horas após essa aprovação por Israel, segundo o gabinete de Netanyahu.

O acordo para o fim da guerra em Gaza, proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevê a libertação dos 48 reféns israelenses mantidos pelo Hamas em um prazo de 72 horas após o início do cessar-fogo. Mais cedo na quinta-feira, o Hamas havia declarado o fim da guerra por dizer ter garantias de diversos países, incluindo os EUA e o mundo árabe, de paz duradoura no conflito.

Dois dos representantes da extrema direita israelense que compõem o governo de Netanyahu votaram contra a aprovação do acordo, segundo a imprensa israelense: Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional, e Bezalel Smotrich, das Finanças.

Ao fim da reunião do Conselho, Ben-Gvir disse que ele e seu partido derrubariam o governo de Netanyahu caso o Hamas não fosse desmantelado.

Em uma entrevista ao canal norte-americano Fox News, o ministro de Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa'ar, disse que o país não pretende prosseguir com a guerra após a assinatura do acordo.

Mais cedo, Khalil Al-Hayy, negociador-chefe do Hamas nas conversas sobre o plano de paz, declarou o fim da guerra contra Israel. Segundo ele, o grupo recebeu garantias dos Estados Unidos e de mediadores de países árabes sobre um cessar-fogo permanente.

 

Pontos do acordo

O plano de paz foi apresentado no fim de setembro pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e negociado com a mediação de Egito, Catar e Turquia. 

 

???? Reféns: Segundo Israel, o Hamas ainda mantém 48 dos 251 sequestrados no ataque terrorista em 2023. As demais vítimas foram libertas durante a vigência de outros dois acordos de cessar-fogo ou por meio de operações militares israelenses.

  • A proposta apresentada pelos Estados Unidos prevê que o Hamas terá até 72 horas para libertar todos os reféns, vivos ou mortos.
  • Israel estima que, dos 48 reféns, apenas 20 estejam vivos.
  • Por outro lado, a imprensa americana informou que o grupo terrorista pediu mais tempo para devolver os corpos das vítimas que morreram.
  • O Hamas alega que não sabe onde estão todos os corpos dos reféns mortos e que precisa realizar buscas para localizar os desaparecidos.
  • Em troca, a expectativa é que Israel liberte quase 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo condenados à prisão perpétua.

 

???? Ataques em Gaza: O plano prevê o fim dos bombardeios na Faixa de Gaza. Segundo Trump, as Forças de Defesa de Israel irão recuar para linhas acordadas com o Hamas, o que indica que tropas ainda permanecerão no território palestino.

  • GloboNews apurou junto às Forças de Defesa de Israel que o país concordou em diminuir a área de ocupação em Gaza de 75% para 57% em um primeiro momento.
  • O plano divulgado pela Casa Branca no fim de setembro já previa uma retirada gradual das tropas do território palestino.
  • O chefe do Estado-Maior de Israel instruiu as tropas a se prepararem para todos os cenários e para a operação de retorno dos reféns.
  • Antes mesmo do acordo, Trump já havia pedido que Israel reduzisse as operações em Gaza. A mídia israelense informou que os militares receberam ordens para diminuir a ofensiva.

    ???? Início do cessar-fogo: Ainda não está claro quando o acordo de paz começará a valer oficialmente. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que a proposta será votada pelo governo na quinta-feira.

     

  • A votação interna do acordo é um procedimento formal do governo israelense.
  • Processos semelhantes ocorreram nos outros dois acordos de cessar-fogo firmados em novembro de 2023 e janeiro de 2025.
  • Segundo a AFP, o acordo deve ser formalmente assinado às 6h desta quinta-feira, pelo horário de Brasília.
  • Trump deve viajar para Israel nos próximos dias. O presidente dos EUA foi convidado para discursar no Parlamento do país. Na quarta-feira, ele disse a jornalistas que considera visitar a Faixa de Gaza.

 

???? O que falta esclarecer: Apesar do anúncio, vários detalhes do tratado ainda não foram divulgados. Não se sabe, por exemplo, se todo o plano apresentado pela Casa Branca foi aceito por Israel e pelo Hamas, ou se houve modificações.

  • Em uma rede social, Trump afirmou que esta é a "primeira fase" e os "primeiros passos" para a paz. A imprensa americana afirma que isso sugere que ainda há pontos do plano que precisarão ser discutidos para sua implementação.
  • Já a imprensa israelense informou que os pontos mais sensíveis do acordo foram resolvidos.
  • Também não está claro como será a transição de governo na Faixa de Gaza, proposta pela Casa Branca.
  • Além disso, não há confirmação de que o Hamas tenha se comprometido a entregar suas armas.

    Entre as várias condições impostas no acordo de paz na Faixa de Gaza alcançado por Israel e o Hamas na quarta-feira, está a devolução, pelo grupo terrorista, dos corpos de reféns mortos em cativeiro.

    No entanto, este pode ser um dos principais gargalos para que o acordo avance para as próximas etapas. Isso porque, segundo a imprensa norte-americana e israelense, o Hamas não sabe onde estão alguns corpos.

    Nesta quinta-feira, a Turquia anunciou que uma força-tarefa com autoridades estrangeiras foi montada para ajudar o Hamas a encontrar esses corpos por diferentes localidades da Faixa de Gaza.

    O número de corpos desaparecidos ainda era desconhecido até a última atualização desta reportagem. No total, sabe-se que 28 dos 48 reféns ainda sob poder do Hamas morreram. A imprensa israelense fala de cerca de seis ou sete corpos desaparecidos. Oficialmente, o grupo terrorista ainda não se pronunciou sobre esse assunto.

 

Por g1

Redação BANFM